domingo, 9 de agosto de 2015

BIOTECNOLOGIA - OS TRANSGÊNICOS

“O homem é do tamanho do seu sonho”
Fernando Pessoa

Biotecnologia

Entende-se por biotecnologia  o conjunto de técnicas que envolvem a manipulação de organismos vivos para a obtenção de produtos específicos ou modificação de produtos. A biotecnologia também utiliza o DNA em técnicas de DNA recombinante.

A biotecnologia é a utilização de processos biológicos para produzir bens (produtos químicos, alimentos, combustíveis e medicamentos), e serviços. Os serviços que pode oferecer a biotecnologia incluem o tratamento de resíduos ou o controle da contaminação.
A biotecnologia utiliza células vivas ou produtos sintéticos proveniente destas células, como por exemplo, as enzimas. As células podem proceder de plantas ou animais, ou podem ser micro-organismos como as leveduras o as bactérias.


A utilização de diferentes técnicas e procedimentos nos processos de produção dos produtos integra a funcionalidade da biotecnologia. Grosso modo podemos dizer que a biotecnologia existe há muito tempo, desde os tempos antigos, nos processos de fabricação de queijo, cerveja e demais alimentos que necessitem do processo de fermentação. 



Com o avanço da biotecnologia atual, as técnicas de genética molecular contribuíram para a produção de proteínas essenciais ao corpo humano com, por exemplo, a insulina, hormônios de crescimentos e para o controle dos sintomas da menopausa. Vale ressaltar a possibilidade da produção de vacinas com reagentes sintéticos que não contém material viral como nas vacinas convencionais.

 Algumas técnicas  biotecnológicas utilizadas


·         Cultura de Tecidos Vegetais
    A plantas apresenta  capacidade de originar uma nova planta, a partir de qualquer parte dela, por meio da ativação e da repressão de genes. Isto chama-se totipotência celular.
Essa técnica é usada quando queremos obter plantas livres de doenças; multiplicar, rapidamente, um grande número de plantas; obter híbridos que não podem ser obtidos pela polinização natural; fundir células de origens diferentes; preservar banco de germoplasma; obter plantas haploides, ou seja, com metade do número de cromossomos da espécie; obter variantes somaclonais, que são plantas que sofrem mutações espontâneas, entre outras finalidades.

·        Clonagem
Esse é um processo simples, que consiste na formação de seres geneticamente iguais, por ocorrer a reprodução assexuada. Pode acontecer de modo natural como nas bactérias assexuadas ou por intervenção humana. Nesse caso um animal fêmea, por exemplo, doa um óvulo, o qual será removido o núcleo e implantado o núcleo de outra célula de um outro indivíduo de mesma espécie, podendo o doador  ser macho ou fêmea.  O óvulo será implantado numa fêmea, geralmente a doadora do óvulo e se desenvolver irá originar um novo indivíduo clonado.

Lei da Biossegurança
Art. 2o As atividades e projetos que envolvam OGM e seus derivados, relacionados ao ensino com manipulação de organismos vivos, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico e à produção industrial ficam restritos ao âmbito de entidades de direito público ou privado, que serão responsáveis pela obediência aos preceitos desta Lei e de sua regulamentação, bem como pelas eventuais conseqüências ou efeitos advindos de seu descumprimento.
        § 1o Para os fins desta Lei, consideram-se atividades e projetos no âmbito de entidade os conduzidos em instalações próprias ou sob a responsabilidade administrativa, técnica ou científica da entidade.
        § 2o As atividades e projetos de que trata este artigo são vedados a pessoas físicas em atuação autônoma e independente, ainda que mantenham vínculo empregatício ou qualquer outro com pessoas jurídicas.
        § 3o Os interessados em realizar atividade prevista nesta Lei deverão requerer autorização à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, que se manifestará no prazo fixado em regulamento.
        § 4o As organizações públicas e privadas, nacionais, estrangeiras ou internacionais, financiadoras ou patrocinadoras de atividades ou de projetos referidos no caput deste artigo devem exigir a apresentação de Certificado de Qualidade em Biossegurança, emitido pela CTNBio, sob pena de se tornarem co-responsáveis pelos eventuais efeitos decorrentes do descumprimento desta Lei ou de sua regulamentação.
        Art. 3o Para os efeitos desta Lei, considera-se:
        I – organismo: toda entidade biológica capaz de reproduzir ou transferir material genético, inclusive vírus e outras classes que venham a ser conhecidas;
        II – ácido desoxirribonucléico - ADN, ácido ribonucléico - ARN: material genético que contém informações determinantes dos caracteres hereditários transmissíveis à descendência;
        III – moléculas de ADN/ARN recombinante: as moléculas manipuladas fora das células vivas mediante a modificação de segmentos de ADN/ARN natural ou sintético e que possam multiplicar-se em uma célula viva, ou ainda as moléculas de ADN/ARN resultantes dessa multiplicação; consideram-se também os segmentos de ADN/ARN sintéticos equivalentes aos de ADN/ARN natural;
        IV – engenharia genética: atividade de produção e manipulação de moléculas de ADN/ARN recombinante;
        V – organismo geneticamente modificado - OGM: organismo cujo material genético – ADN/ARN tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética;
        VI – derivado de OGM: produto obtido de OGM e que não possua capacidade autônoma de replicação ou que não contenha forma viável de OGM;
        VII – célula germinal humana: célula-mãe responsável pela formação de gametas presentes nas glândulas sexuais femininas e masculinas e suas descendentes diretas em qualquer grau de ploidia;
        VIII – clonagem: processo de reprodução assexuada, produzida artificialmente, baseada em um único patrimônio genético, com ou sem utilização de técnicas de engenharia genética;
        IX – clonagem para fins reprodutivos: clonagem com a finalidade de obtenção de um indivíduo;
        X – clonagem terapêutica: clonagem com a finalidade de produção de células-tronco embrionárias para utilização terapêutica;
        XI – células-tronco embrionárias: células de embrião que apresentam a capacidade de se transformar em células de qualquer tecido de um organismo.
        § 1o Não se inclui na categoria de OGM o resultante de técnicas que impliquem a introdução direta, num organismo, de material hereditário, desde que não envolvam a utilização de moléculas de ADN/ARN recombinante ou OGM, inclusive fecundação in vitro, conjugação, transdução, transformação, indução poliplóide e qualquer outro processo natural.
        § 2o Não se inclui na categoria de derivado de OGM a substância pura, quimicamente definida, obtida por meio de processos biológicos e que não contenha OGM, proteína heteróloga ou ADN recombinante.


·        Células Tronco
São células que possuem a capacidade de se multiplicar e originar células idênticas a si e com potencial de diferenciar-se em vários tecidos que irão constituir um corpo.
 As células troncos podem se classificar:
*  quanto a sua diferenciação
- Totipotentes: são as células tronco originárias  das primeiras divisões do óvulo fertilizado
- Pluripotentes: Origina qualquer tipo de célula, menos a placenta e são originárias das células totipotentes.
- Unipotentes: produz um tipo de célula com características de auto renovação
- Multipotentes:  origina vários tipos de células de modo limitado.

*  Em categorias:
- Células embrionárias: células de origem dos blastocistos
- Células tronco adultas: células encontradas em tecidos adultos
- Células tronco da medula espinhal: as células tronco se diferenciam de acordo com o desenvolvimento do embrião.
        
LEI DE BIOSSEGURANÇA

Artigo 5° da Lei de Biossegurança nº 11.105/05
 Art. 5o É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições:
        I – sejam embriões inviáveis; ou
        II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento.
        § 1o Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores.
        § 2o Instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem pesquisa ou terapia com células-tronco embrionárias humanas deverão submeter seus projetos à apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética em pesquisa.
        § 3o É vedada a comercialização do material biológico a que se refere este artigo e sua prática implica o crime tipificado no art. 15 da Lei no 9.434, de 4 de fevereiro de 1997.


Importância da Produção de Células Tronco

Os cientistas apostam muito nas células embrionárias, por elas serem as únicas capazes de produzir todos os 216 tecidos do nosso corpo. A esperança é que inúmeras doenças, entre elas as neuromusculares, o diabetes, o mal de Parkinson e as lesões de medula possam ser tratadas pela substituição ou correção de células ou tecidos defeituosos. A terapia celular com células-tronco representa também um grande avanço nas técnicas existentes hoje de transplante de órgãos. Se as pesquisas derem os resultados esperados, deverá ser possível no futuro fabricar tecidos e órgãos em quantidade suficiente para todos. Seria o fim das longas filas de transplante de órgãos.
As pesquisas com células-tronco do adulto, por sua vez, já foram iniciadas em pacientes cardíacos e em outras doenças como esclerose múltipla, acidente vascular ou diabetes. Mas essas células têm algumas limitações. Hoje, elas só podem ser transformadas em células de alguns dos tecidos do corpo.
Outra técnica utilizada ainda experimentalmente é a de auto-transplante na qual as células-tronco são retiradas e re-injetadas no paciente para o tratamento de lesões cardíacas e na recuperação do tecido nervoso de pessoas que sofreram acidentes vasculares. Mas ninguém sabe ainda se o tratamento é eficiente - por enquanto, é uma tentativa terapêutica experimental.


Terapia Gênica
A terapia gênica consiste na deleção de genes  deletérios ou na inserção de genes normais em células de uma pessoa portadora de genes alterados e responsáveis por uma determinada doença. Assim a pessoa poderá produzir  células sadias evitando que a doença continue se manifestando.

TRANSGENIA
Um indivíduo transgênico é aquele que recebe e incorpora genes de mesma espécie ou de espécie distinta, portanto, um ser transgênico é qualquer organismo que seja modificado geneticamente pelas técnicas de engenharia genética. Ou seja, é qualquer organismo em que se tenha introduzido uma ou mais seqüências de DNA (genes), provenientes de uma outra espécie ou uma seqüência modificada de DNA da mesma espécie. As manipulações genéticas contemporâneas consistem em adição, subtração (destruição), substituição, mutagênese, desativação ou destruição de genes.
 A transgenia é uma técnica utilizada na biotecnologia que pode ser aplicada em animais ou vegetais.
Nem todo organismo geneticamente modificado (OGM) é transgênico, por que há organismos que utiliza-se genes existentes no próprio indivíduo, os quais são apenas “mudados de lugar”. 
Produção de um vegetal transgênico
Seleciona-se o gene ou os genes que será introduzido no outro organismo pelo método de bombardeamento onde fragmentos de DNA são revestidos pelo metal tungstênio ou ouro e são bombardeados no tecido vegetal que assimilaram os genes para incorporarem ao seu genoma; ou por infecção por bactérias onde irão infectar a planta a ser modificada e transportar os novos genes para o seu genoma. Algumas bactérias transferem naturalmente alguns de seus genes para as plantas. Em alguns casos o homem pode manipular o material genético da planta para obter a característica desejada.
Etapas da Produção de Plantas Transgênicas
- Identificação e isolamento do gene;
- Transferência do gene;
- Seleção das células que contenham o gene transferido;
- Regeneração de plantas;
- Expressão do gene nas plantas adultas.


Vantagens 
1. O alimento pode ser enriquecido com um componente nutricional essencial. Um feijão geneticamente modificado por inserção de gene da castanha do Para passa produzir metionina, um aminoácido essencial para a vida. Um arroz geneticamente modificado produz vitamina A;
2. O alimento pode ter a função de prevenir, reduzir ou evitar riscos de doenças, através de plantas geneticamente modificadas para produzir vacinas, ou iogurtes fermentados com microorganismos geneticamente modificados que estimulem o sistema imunológico;
3. A planta pode resistir ao ataque de insetos, seca ou geada. Isso garante estabilidade dos preços e custos de produção. Um microorganismo geneticamente modificado produz enzimas usadas na fabricação de queijos e pães o que reduz o preço deste ingrediente; Sem falar ainda que aumenta o grau de pureza e a especificidade do ingrediente e permite maior flexibilidade para as indústrias;
4. Aumento da produtividade agrícola através do desenvolvimento de lavouras mais produtivas e menos onerosas, cuja produção agrida menos o meio ambiente. 

Desvantagens 
1.  O lugar em que o gene é inserido não pode ser controlado completamente, o que pode  causar resultados inesperados uma vez que os genes de outras partes do organismo podem ser  afetados.
2. Os genes são transferidos entre espécies que não se relacionam, como genes de animais em vegetais, de bactérias em plantas e até de humanos em animais. A engenharia genética não respeita as fronteiras da natureza – fronteiras que existem para proteger a singularidade de cada espécie e assegurar a integridade genética das futuras gerações.
3. A uniformidade genética leva a uma maior vulnerabilidade do cultivo porque a invasão de pestes, doenças e ervas daninha sempre é maior em áreas que plantam  o mesmo tipo de cultivo. Quanto maior for a variedade (genética) no sistema da agricultura, mais este sistema estará adaptado para enfrentar pestes, doenças e mudanças climáticas que tendem a afetar apenas algumas variedades.
4. Organismos antes cultivados para serem usados na alimentação estão sendo modificados para produzirem produtos farmacêuticos e químicos. Essas plantas modificadas poderiam fazer uma polinização cruzada  com espécies semelhantes e, deste modo, contaminar plantas utilizadas exclusivamente  na alimentação.
5. Os alimentos transgênicos poderiam aumentar  as alergias. Muitas pessoas são alérgicas a determinados alimentos em virtude das proteínas que elas produzem. Há evidências de que os cultivos transgênicos podem proporcionar um potencial aumento  de alergias em relação a cultivos convencionais.

Como se faz um transgênico

Para fazer um transgênico, os cientistas usam a técnica de recortar o DNA de uma espécie para depois colar esse fragmento recortado no DNA de outra espécie.
O método mais comum para produzir transgênicos utiliza uma bactéria como elemento intermediário. O gene de interesse é introduzido na bactéria, que, depois, é usada para infectar a célula de um animal ou planta. Ao fazer isso, a bactéria transfere parte de seu DNA para o organismo que infecta e, junto, vai o gene de interesse.
Algumas plantas – tomate, batata, frutas cítricas e cenoura, por exemplo – são mais fáceis de modificar geneticamente do que outras. Isso porque podem se regenerar em laboratório a partir de uma única célula em cultura. E é muito mais simples manipular genes em células isoladas do que em um organismo multicelular inteiro.

Enzimas de restrição
O desenvolvimento de organismos geneticamente modificados só foi possível com a descoberta das chamadas enzimas de restrição, no início da década de 1960. Estudando o sistema de defesa de certas bactérias diante de determinados vírus, os cientistas perceberam que elas produziam um sistema de enzimas que reconhecia o DNA do vírus invasor e o 'cortava' para, assim, desativá-lo. Essas enzimas ganharam o nome de endonucleases de restrição, ou enzimas de restrição.
As enzimas de restrição são como tesouras moleculares de enorme precisão: existem vários tipos e cada tipo corta o DNA apenas nos locais onde existem sequências de bases nitrogenadas nas quais conseguem se encaixar, fazendo a molécula se transformar em fragmentos de tamanhos variáveis.

Bactéria, veículo de genes
As bactérias são usadas como veículo de genes porque têm um fragmento circular de DNA chamado plasmídeo, que no momento de uma infecção é transferido para o organismo infectado. É nos plasmídeos que os genes de interesse são introduzidos. Eles são os vetores de transgenia.
O vetor mais comumente usado em plantas é um plasmídeo da bactéria Agrobacterium tumefaciens (o plasmídeo Ti, ou indutor de tumor), que causa uma doença caracterizada por um tumor muito grande. Os cientistas conseguiram criar maneiras de eliminar as propriedades desses plasmídeos que causam os tumores, mantendo, no entanto, sua capacidade de transferir seu DNA para as células das plantas.

DNA RECOMBINANTE
A técnica de DNA recombinante permite juntar na mesma molécula de DNA genes provenientes de organismos diferentes, ou seja, possibilita retirar genes de uma espécie e introduzir num microrganismo, que posteriormente se vai multiplicar e assim produzir inúmeras cópias desse gene e consequentemente o produto desse gene. É possível, por exemplo, introduzir um gene humano, numa bactéria, para que elas produzam uma determinada proteína humana.
O processo é simples e baseia-se em dois tipos de enzimas, as enzimas de restrição e a enzima DNA ligase. Utiliza-se uma enzima de restrição, que tem a capacidade de selecionar zonas especificas do DNA e cortar a sequencia nucleotídica nesses locais específicos, para obter o gene de interesse de uma espécie. Esse gene de interesse é posteriormente colocado num vector, ou seja, uma molécula capaz de transportar um fragmento de DNA de um organismo para outro, como são exemplos, o DNA dos virus e os Plasmídeos (fragmentos de DNA de forma circular existentes nas bactérias). Para que o fragmento de DNA seja incorporado no vector, é necessário que a mesma enzima de restrição que atua sobre o DNA atue sobre o vector, de modo a criar uma sequencia nucleotídica complementar. Finalmente, através da enzima DNA ligase, os dois segmentos de DNA são ligados, produzindo uma nova molécula estável – o DNA recombinante. Com a nova molécula de DNA recombinante formada, o vector é introduzido num organismo receptor, que vai passar a possuir aquele gene de interesse e a proteína formada por esse gene.


O processo básico da técnica do DNA recombinante consiste em:

• A enzima de restrição “abre” a molécula de DNA do plasmídeo num ponto especifico.
 • Com enzimas de restrição do mesmo tipo abre-se outra molécula de DNA, que funciona como dadora, e isola-se o gene que se quer inserir no plasmídeo.
• O gene a inserir é colocado em contato com o plasmídeo, juntamente com um outro tipo de enzimas, as ligases do DNA.
• O gene passa a fazer parte do plasmídeo, que possui agora, para além dos seus genes, o gene estranho que lhe foi inserido, isto é, possui um DNA recombinante.
• O plasmídeo recombinante em contato com bactérias pode introduzir-se nelas.
• Estas bactérias funcionam como células hospedeiras, aceitam o plasmídeo e, com ele, o novo gene. • A partir do DNA recombinante, o gene inserido passa a comandar a síntese da proteína desejada.
                                                                                     
DNA complementar


A técnica do DNA complementar tem como objetivo facilitar a produção de proteínas de seres eucariontes em microrganismos. Os microrganismos não têm mecanismos de maturação do mRNA, portanto quando se introduzem genes de eucariontes nestes organismos, estes vão fazer a sua transcrição de forma ininterrupta, ou seja, vão ler tanto os intrões (zonas não codificantes de proteínas) como exões (zonas codificantes de proteínas) originando uma proteína diferente da pretendida.

Este processo é possível devido a ação da enzima transcriptase reversa, que permite produzir DNA a partir de uma molécula de mRNA, e da enzima DNA polimerase, que permite fazer uma copia de uma cadeia de mRNA maturado e originar uma cadeia de DNA composta por exões.
Posteriomente usa-se a DNA polimerase para formar uma cadeia complementar dessa cadeia de DNA, originando uma molécula estável. Com isso, ao ser introduzida num microrganismo, vai produzir uma proteína de interesse.

PARA SABER MAIS

5 TIPOS DE TRANSGÊNICOS QUE CONSUMIMOS SEM SABER

MILHO

Com as variantes transgênicas respondendo por mais de 85% das atuais lavouras do produto no Brasil e nos Estados Unidos, não é de se espantar que a pipoca consumida no cinema, por exemplo, venha de um tipo de milho que recebeu, em laboratório, um gene para torná-lo tolerante a herbicida, ou um gene para deixá-lo resistente a insetos, ou ambos. Dezoito variantes de milho geneticamente modificado foram autorizadas pelo CTNBio, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia que aprova os pedidos de comercialização de OGMs.

ÓLEO DE COZINHA

Os óleos extraídos de soja, milho e algodão, os três campeões entre as culturas geneticamente modificadas.

SOJA

No mundo todo, o grosso da soja transgênica, vai direto para a alimentação dos animais, o seu subproduto que é o óleo, é o que consumimos e há ainda o leite de soja, tofu e bebidas de frutas, todos possuem proteínas transgênicas, a não ser que tenha vindo de uma soja não transgênica.

ABOBRINHA

Seis variedades de abobrinha resistentes a três tipos de vírus são plantadas e comercializadas nos Estados Unidos e Canada. Ela não é vendida no Brasil ou na Europa.

FEIJÃO

A Empresa Brasileira para Pesquisa Agropecuária (Embrapa), ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, conseguiu em 2011 a aprovação na CTNBio para o cultivo comercial de uma variedade de feijão resistente ao vírus do mosaico dourado, tido como o maior inimigo dessa cultura no país e na América do Sul. As sementes devem ser distribuídas aos produtores brasileiros – livre de royalties – em 2014, o que pode ajudar o país a se tornar autossuficiente no setor. É o primeiro produto geneticamente modificado desenvolvido por uma instituição pública brasileira.

·         Em 1990 foi criada a primeira vaca transgênica para produzir leite com proteínas do leite humano para crianças.
·         O primeiro experimento bem-sucedido em campo ocorreu em 1990 pela empresa Calgene com plantas de algodão geneticamente modificadas resistentes ao herbicida Bromoxynil.
·         Em 1994 foi aprovado para a comercialização o primeiro produto destinado a alimentação proveniente da biotecnologia vegetal: o tomate transgênico Flavr Savr TM, que tem seu amadurecimento retardado.
·         Foi aprovada em 1994 a primeira planta transgênica, desenvolvida pela Monsanto, uma variedade de soja designada Roundup Ready TM, resistente a um herbicida (glifosato).
·         O arroz dourado, enriquecido com betacaroteno, foi desenvolvido na Alemanha em 2000.

A era dos mosquitos transgênicos


Você nasce, cresce, chega à idade adulta. Em dado momento, sai por aí em busca da sua cara-metade - ou, colocando a questão menos romanticamente, atrás de alguém para satisfazer o impulso de fazer sexo (ah, os hormônios...). O problema, por assim dizer, é que você carrega um segredo dentro de si. Um segredo terrível, que vai destruir a sua própria espécie.


Parece um conto bíblico, mas é real: é a história do OX513, um mosquito geneticamente modificado que foi criado pelo homem com a missão de extinguir o Aedes aegypti e acabar com a epidemia de dengue. Depois de criar versões transgênicas de plantas como o milho e a soja, agora a humanidade modifica o DNA de um bicho e se prepara para liberá-lo na natureza. Aqui mesmo no Brasil - onde fica a primeira fábrica de mosquitos transgênicos do mundo.

PESTE ALADA
Mosquitos são criaturas terríveis. Estima-se que eles tenham sido responsáveis por metade de todas as mortes de seres humanos ao longo da história. Ou seja, mataram mais gente do que qualquer outra coisa. Isso acontece porque, como se multiplicam rápido e em enormes quantidades, são excelentes transmissores de doenças - como a dengue, que é causada por um vírus chamado DENV.


O mosquito pica uma pessoa infectada, adquire o vírus, e o espalha para outras pessoas ao picá-las também. A dengue é uma doença séria, que pode matar, e um grande problema no Brasil: em 2013, o Ministério da Saúde registrou 1,4 milhão de casos, mais que o dobro do ano anterior. Tudo culpa do Aedes aegypti. Ele é um mosquito de origem africana, que chegou ao Brasil via navios negreiros, na época do comércio de escravos. E hoje, impulsionado pela globalização, levou a dengue a mais de cem países (na década de 1970, apenas nove tinham epidemias da doença). Os números mostram que, mesmo com todos os esforços de combate e campanhas de educação e prevenção, o mosquito está ganhando a guerra.



Entra em cena o OX513A, que foi criado pela Universidade de Oxford, na Inglaterra. Ele é idêntico ao Aedes aegypti - exceto por dois genes modificados, colocados pelo homem. Um deles faz as larvas do mosquito brilharem sob uma luz especial (para que elas possam ser identificadas pelos cientistas). O outro é uma espécie de bomba-relógio, que mata os filhotes do mosquito.



A ideia é que ele seja solto na natureza, se reproduza com as fêmeas de Aedes e tenha filhotes defeituosos - que morrem muito rápido, antes de chegar à idade adulta, e por isso não conseguem se reproduzir. Com o tempo, esse processo vai reduzindo a população da espécie, até extingui-la (veja no final deste texto como o processo funciona).



Recentemente, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, um órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, aprovou o mosquito. E o Brasil se tornou o primeiro país do mundo a permitir a produção em grande escala do OX513A - que agora só depende de uma última liberação da Anvisa. A Oxitec, empresa criada pela Universidade de Oxford para explorar a tecnologia, acredita que isso vai ocorrer. Tanto que acaba de inaugurar uma fábrica em Campinas para produzir o mosquito.



O OX513A já foi utilizado em testes na Malásia, nas Ilhas Cayman (no Caribe) e em duas cidades brasileiras: Jacobina e Juazeiro, ambas na Bahia. Deu certo.

Deu certo mas, esse mosquito pode sofrer alguma alteração e transmitir uma outra doença ao homem? Ou essa é uma hipótese descartada? Como ter certeza?

INDICAÇÕES DE VIDEOS


Rferencias